quinta-feira, 17 de abril de 2008

Achei esse fragmento perdido entre as minhas coisas, não sei qual era a minha intenção ao escrever isso, mas tá ai alguma coisa deve ter de bom nele!
E caros colegas da psico que lerem isso, não eu não sou suicida!
Essa é uma história de um final feliz, de uma pessoa que quer viver mas sua saúde não deixa mais. Então porque chorar se tudo acaba um dia?!?!!?!?!




Estávamos lá, ela e eu, ao som do meu violão, as lenhas queimavam na lareira, a sinfonia da chuva que caía dava um ar de nostalgia perfeito para o momento.
Buscava encontrar a jovem que um dia fui, amigos que tive, momentos tristes e felizes.
A doce solidão que nos acompanhava fazia eu me sentir triste, mas não era uma tristeza ruim.
Lá estava eu e minha caixa de lembranças, eram fotos, cartas que nunca mandei, outras que recebi, textos, poemas e músicas. Tudo aquilo tinha um significado especial, cada uma daquelas lembranças me faziam ficar horas ali sentada escutando os estalos da lenha queimando, os acordes do violão e o gosto seco do vinho que me acompanhava naquela dança ao passado.
Minha vida tinha realmente valido a pena, cada erro me ensinou até onde eu podia ir e os acertos atiçavam minha vontade de ir além, mas eu sabia que já não havia mais tempo. Estranho eu pensar em tempo, logo eu que nunca me preocupei muito com ele. Não gostava de relógios, não me escandalizava com as rugas e nem com os cabelos brancos que começavam a aparecer, tímidos, entre os fios negros que brotavam em minha cabeça.
Eu estava só esperando que o tempo agisse, que me levasse com ele para algum lugar. Aquele mesmo tempo que me levaria seria o que ampararia meus queridos, os caras das fotos, os donos das palavs que eu escrevi em minhas cartas.
O final estava próximo, era como se as cortinas pudessem se fechar a qualquer momento e eu não tinha mais como mudar o meu roteiro, ele estava fadado ao ultimo ato, que eu sentia ser aquele, das lembranças, das fotos, cartas e da lareira que já ia perdendo força e se apagando, talvez as suas cinzas determinariam o momento exato dos aplausos.
Já não havia mais como mudar e eu sabia disso. Preferi ficar sentada, bebendo o resto do vinho, lendo as cartas que não enviei e pensando em não me arrepender de tudo que eu fiz.


Ana Ferraz

4 comentários:

Ju disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ju disse...

eu não acho que tu queira se matar. Mas eu acho que tu é nova demais pra se preocupar com isso!
hahahhah

legal o texto ;)

um dia eu disse que teu texto lembrava drummond, hoje ta mais pra uma velhota estilo lya luft!
sahusahusuhaus
brincadeira =)))

Ana Ferraz disse...

Ju!
tu tem que entender que eu não falo de mim, aquela pessoa do texto NÃO SOU EU.
Mas deve existir muita gente nessa situação agora e o texto fala de vida, de lembranças e a mulher vai morrer porque ela é uma pessoa doente, aids, cancer sei lá!
mas ela tá feliz, ela não tem mais esperanças de vida porque ela não tem como sobreviver, mas mesmo assim ela não tá chorando ou se fazendo de vitma, ela tá relembrando a vida e tentando aumentar o tempo dela com as lembranças de uma vida bem vivida!
tu não acha isso bonito?!?!?!?!?!

Ju disse...

achoo achoo!
mas eu nõ disso que é feio!
legal o texto mesmo..
entra ai no meu!