domingo, 27 de abril de 2008

Uma letra de música que eu fiz, Louco fulano de Tal, mas eu desisti de musicar esse textinho e como diz meu amigo Presley, umas frases desconexas. Dois textinhos que espero agradar.

Louco fulano de Tal
Eu tinha um amigo
Que se parecia comigo
Ele era louco e eu era só um pouco

O louco fulano de tal
Era um profissional
Ah que saudade
Toda tarde ele aparecia
E todo mundo gritava quando ele passava
Lá vai um cara especial!

Louco fulano de tal
Saia toda noite com a galera
Ia beber em todo bar
Hoje já não bebe mais
O louco fulano de tal
É só mais uma pessoa genial
No hospital da capital.

*
Nós

Já não sinto a distância
Mas sinto a saudade.
Estar longe não significa esquecer,
Apenas lembrar mais e mais.
Que a boa companhia não se resume a isso
Ora se não fossemos nós,
Quem faria essas coisas extraordinarias?
Não teria pessoa mais especial em minha vida
Para dividir a alegria de uma noite fria,
Mesmo pela rua vazia
Te encontro em pensamentos
E sobe pra mente toda e maldade da nossa gente.
Sobra apenas o amor
Que nasceu junto
E continuará
Porque o que é nosso
Ninguém entenderá jamais.

Ana Ferraz

sábado, 26 de abril de 2008

Uma história Los Hermanica!

Mais um textinho meu, uma história baseada em músicas de uma das bandas que mais gosto Los Hermanos.
Espero que o texto agrade hehehehehehe

Um filme no close pro fim

“Olha aqui eu preciso falar com você, desse jeito não dá mais a gente não consegue se entender, parece que os dois mudaram e não estou conseguindo agüentar essa situação, precisamos conversar, quando você chegar em casa, me liga! Ainda amo você.”
Desligou o telefone, aquela mensagem tinha o deixado meio zonzo, as mãos começaram a suar e sentia que sua garganta estava querendo expelir alguma coisa, não sabia direito se era choro, grito ou se estava passando mal. Aquela sensação durou alguns minutos, sentou-se no sofá e ficou parado sem se mover ou expressar alguma reação em relação a nada, muito menos ao que acabara de ouvir, uma mensagem na secretária eletrônica, forma cruel de descobrir que só amor as vezes não é suficiente.
Passada a sensação inicial, caminhou em direção a geladeira, morava em um conjugado, mas que na verdade era uma sala comercial que seu pai tinha lhe dado de presente de formatura, um futuro escritório de advocacia que acabou virando casa. Abriu a geladeira e havia poucas alternativas, uma jarra com água, uma lata de refrigerante, dois pedaços de pizza velhos, uma garrafa de cerveja, um ovo e um pé de alface. Agarrou a primeira coisa que viu - foi a jarra de água -, encheu um copo e sentou-se novamente no sofá.
Pensou em muitas coisas, contrariando o clichê ele não pensava nos momentos felizes que tinham vivido juntos ou na viagem à Holanda, dois mochileiros em busca de aventura na terra da liberdade para comemorar dois anos de namoro, ele pensava em filmes que havia visto, nas músicas que costuma ouvir e tudo o que ele lembrava era o “Ainda amo você” que soava forte em sua cabeça, realmente o amor é um misto de desejos, sonhos, promessas de paraíso que dividem espaço com dores sem remédios, pranto, depois vira nada, uma lembrança qualquer.
Ele também tinha coisas a dizer a ela, pegou o telefone, disposto a ligar, discou o número da casa dela, sabia que no meio da tarde ela não estaria lá, queria deixar seu recado, ele precisava dizer algumas coisas e não queria resposta imediata, queria ser cruel também.
“Eu acabei de ouvir o seu recado, é realmente temos muitas coisas para resolver, preciso falar também, quero dizer pra ti muitas coisas, coisas que normalmente não se diz não quero me entregar assim, não poderia falar o que quero, pois depois que eu dizer você me terá em suas mãos, mas vejo que esse é o último suspiro que nosso amor pode dar então eu preciso te falar, mas não sei como...”.
Desligou o telefone, não teve coragem de falar, não poderia falar, era complicado para ele, era amor indo embora e isso não é comum, duas pessoas que se amam deveriam se bastar, mas a vida é cruel, muito mais cruel do que ele ou ela poderiam ser. Ele era mais sentimental que ela, por isso não sabia o que fazer, ele precisava dizer todas as coisas que estavam engasgadas em sua garganta, só não sabia como, também tinha medo da reação dela, era difícil despir-se de todo seu orgulho e entregar seus sentimentos para uma mulher, mesmo que ela fosse aquela, a sua mulher.
Duas horas depois o telefone tocou, era ela, disse que precisava encontrar com ele, mas não queria que fosse na casa de nenhum deles. Marcaram então o encontro em um parque da cidade. Ele chegou antes dela, sentou-se em um banco, o céu era estrelado, a brisa da noite era fria, não havia quase ninguém por perto, ele sabia que aquele seria uma conversa definitiva, apenas os dois e o céu estrelado como testemunha. Quinze minutos depois ele a avistou de longe, seus cabelos negros contrastavam com sua pele muito branca, o olhar da moça não era muito diferente do dele, os dois tinham olhares inseguros, duvidosos, sabiam que aquele momento seria crucial para resolver o futuro daquele amor, que ainda queimava, mas que não bastava.
Ela se aproximou, deu um tímido beijo nos lábios do moço, que tremiam e era possível ver sua testa suando, a insegurança era clara na face daquelas duas almas. Eles sentaram-se no banco e nenhum dos dois falou se quer um apalavra, passaram-se muitos minutos e nenhum som poderia ser ouvido. Até que ele colocou o braço em volta dos ombros dela, ela se aproximou e abraçou-o também, ficaram ali abraçados por muito tempo. Eles não sabiam o que estavam fazendo, eles se amavam, mas não davam certo, talvez os três anos de namoro sem nenhuma briga ou pausa não mostrava realmente o que eles viviam, era por isso que eles estavam abalados com aquilo, ela teve a coragem de falar que as coisas não iam bem e ele tinha a coragem de tentar mudar as coisas, mas nenhum era corajoso o bastante pra falar o que estavam sentindo, ali sob o céu estrelado numa noite de brisa fria.
“Eu não sei como falar o que eu preciso, por favor, não fale nada até eu terminar, não quero ser cruel, mas é necessário que eu diga antes que essas palavras me sufoquem. Aquilo que eu temia aconteceu, sofro por saber que nosso amor é pouco para deixarmos juntos, mas eu não sei mais porque em ti eu consigo encontrar o caminho certo de seguir, se saíres da minha vida agora não sei para onde ir, talvez tu não sintas a mesma coisa que eu. Eu te disse que hoje eu me daria pra ti, depois que eu falar tudo o que preciso, me terás em suas mãos e eu tenho medo,você é meu grande amor, te imploro se vais embora vá logo, meu coração não sabe lidar com isso, eu não posso te perder a não ser que tu queiras. Amor não se mede e eu não sei dizer o quanto te amo, mas eu sei que ele não se basta pra gente ser feliz. Se me deixares agora, eu volto, não sei ainda quando, mas eu vou roubar de novo teu coração.”
Ele se entregou a ela de forma que não poderia mais voltar atrás, aquelas palavras penetraram fundo no coração confuso da moça. Ele parou de falar, no mesmo momento ela começou a chorar, um choro tímido, munido de sentimentos. Enquanto ela chorava, ele se enchia de esperanças, aquele choro só podia significar que ela queria ficar com ele. Mas não foi bem assim, ela não falou nada, apenas abraçou mais forte, ele retribuiu a força do abraço com um beijo na testa. “Ainda te amo”, foram as palavras que saíram da boca dela naquele momento, um ainda te amo, baixinho com a voz tremula por causa do choro. Um beijo amoroso e demorado aconteceu. As estrelas testemunhavam aquele momento, era uma conciliação, de um casal que nunca tinha rompido seus laços, onde o amor fluía intenso, mas só amor não era o bastante. Aquele foi o momento auge, ele lembrou dos filmes novamente e era tudo muito parecido com o cinema.
Depois daquela noite, ele não era mais o mesmo, metade dele ela tinha levado, a outra metade prometia um dia se tornar completa, só o amor não foi suficiente.


Ana Ferraz

terça-feira, 22 de abril de 2008

Mais um devaneio!

Mais um texto meu!
Esse foge totalmente do estilo dos outros, mais uma atração do circo (né Rodrigo).

Espero que se divirtam as minhas custas!


O dia em que a cidade parou

Aquele foi um dia diferente, eu não tinha nada para fazer em casa, então resolvi dar uma volta na cidade. Tarde fria, o sol escondido, mas não era nublado, difícil de explicar.
Quando subi a rua da minha casa vi que algo estranho acontecia, os carros parados, os guardinhas e aqueles malditos apitos, buzinas insuportáveis, pessoas stressadas batendo com a cabeça na direção, davam até medo.
Isso era normal em cidades grandes, mas não aqui, uma cidade relativamente pequena onde o trânsito sempre foi tranqüilo e os guardinhas não usavam aqueles apitos desgraçados.
Logo que cheguei à rua principal, aquelas ruas onde grandes empresas lojisticas têm uma filial em cada quarteirão com super ofertas e liquidações tinham várias pessoas correndo entre os carros, as malditas buzinas soavam mais fortes, crianças perdidas dos pais, uma loucura.
Eu que não tava entendendo nada e já estava puto da cara com aquele barulho todo resolvi perguntar para alguém o que estava acontecendo.
Pedi para uma mulher gorda que estava sentada ao lado da carrocinha de pipoca e cheia de sacolas a sua volta.
-Hey senhora, tu sabes o que esta acontecendo nessa cidade?
-Não sei muito bem, as pessoas correndo carros e muito barulho.
Logo vi que ela sabia menos que eu, baita gorda imprestável, aposto que estava ali só porque o dono da carrocinha de pipocas tinha saído junto com os outros para pular em cima dos carros, assim ela podia comer sem pagar.
Resolvi continuar caminhando naquela rua, não tinha uma pessoa normal naquilo tudo, pela primeira vez na vida me senti o ser mais certo da cabeça que existia na Terra..
Virei a esquina e la estava um ônibus trancando a rua, impossível a passagem de algum carro, fiquei só observando, no outro lado da rua tinha uma arvore caída e alguns cachorros correndo loucos atrás do rabo, fiquei observando, como poderiam ser tão burros? Nunca iam conseguir morder o próprio rabo, o certo seria morder o rabo dos outros, mas, assim se igualariam aos humanos que vivem querendo ver o outro se foder.
Mas voltando ao assunto da confusão que a cidade se encontrava, a cada rua era uma surpresa diferente, ninguém conseguia explicar o porquê de tudo aquilo.
Já não sabia mais nada, resolvi voltar para casa. Ascendi um cigarro e voltei pelo mesmo caminho.
O ônibus continuava lá parado, ninguém ia nem voltava só que dessa vez tinha algo diferente, as pessoas que estavam la tinham sumido, parecia que o caos tinha passado, a cada rua que eu voltava o silêncio tomava conta, as ruas ficavam vazias.
Passei pela carrocinha de pipocas e não tinha nem a pipoca nem a gorda, no mínimo ela comeu tudo e foi embora.
Mas e os outros porque tinham sumido?
Na verdade ainda queria saber o que tinha acontecido antes, minha cabeça estava embaralhada demais, já não sabia por que tinha saído de casa.
Desci a rua de casa correndo, admito que estivesse com um pouco de medo, entrei correndo pela porta do prédio, nem sinal de vida naqueles malditos corredores compridos e escuros.Péssimo lugar para alguém viver, mal tinha luz, o sol não entrava direito pelas frestas, as janelas nunca abriam eram emperradas, mas era barato e eu não estava em condições de morar em outro lugar.
Entrei em casa me atirei no sofá, um sofá que tinha comprado em uma loja de moveis usados, liguei o som e fiquei lá fumando e pensando, mas não tinha como explicar a loucura que tinha acabado de ver. Pessoas enlouquecidas, a cidade no caos e simplesmente tudo parou do nada e eu estava sozinho na rua!
Minha cabeça girava, era engraçado demais, sabia que pessoas eram loucas mesmo, mas não ao ponto disso.
TUM...alguém estava batendo na porta.
Olhei pelo olho mágico, era o Carlos meu amigo.
Ele era engraçado, tudo era motivo para ele filosofar, um cara totalmente fora de si, louco, bêbado e seqüelado, mas um grande amigo.
Abri a porta e ele saltou para dentro.
-Você viu? você viu?
-Vi o que?
-As pessoas na rua, o negocio do fim do mundo, todos correndo enlouquecidos?
-Eu vi, mas, não entendi nada. Que historia é essa de fim de mundo?
-Deram na televisão, o fim do mundo esta chegando, eles falaram pra todos saírem de suas casas e aproveitarem seus últimos minutos de vida, não passaremos desta noite.
-Maldita mania de acreditar em historias da TV, será que são todos mais loucos do que eu imaginava?
Fim do mundo, grande merda essa besteira, amanhã iremos todos acordar felizes como se nada tivesse acontecido.
O Carlos estava bêbado, ele sempre estava. Só podia ser coisa de Brasileiro mesmo, acreditar o que os malucos da TV dizem.
Fiquei um tempo ali sentado, Carlos atacava a geladeira atrás de cervejas.
Como poderiam acreditar naquilo, merda de fim do mundo, grande mentira tudo isso, mas se fosse verdade?
Resolvi sair comprar mais cervejas e wisky, se fosse o fim do mundo pelo menos eu morreria bêbado e não teria que acreditar que o homem se tornou tão manipulável ao ponto de se desesperar com toda essa besteira de fim de mundo. Não tinha ninguém na rua, entrei no mercadinho da esquina, peguei tudo o que eu queria e voltei para casa, meu sofá me esperava.
Me acomodei no sofá, bebendo e escutando música, se fosse pra morrer morreria tranqüilo, até que adormeci.
O sol bateu fraco na minha cara, era dia e eu ainda estava vivo, ou melhor, achava que estava, fui ate a janela e vi que a rua estava normal, pessoas andando nas calçadas, carros na rua e nada de ônibus parado no meio da rua.
Por um momento pensei nossa esses burrões ontem se matavam pelo fim do mundo, hoje voltam a se matar pra ter um pão para comer.
Sai na rua atrás de alguém que soubesse me dizer se eu estava vivo ou morto.
As pessoas andavam normais, pegavam ônibus, o transito calmo, os malditos apitos longe da visão dos guardas, um dia normal muito diferente do que tinha visto ontem.
Cheguei perto de um homem com chapéu de palha, roupa bem passada e um perfume insuportável.
-O senhor poderia me dizer o que está acontecendo?
-Nada.
-Mas e a correria de ontem? Aquela confusão toda?
-Não sei o que você esta falando.
Baixei a cabeça e entrei num café próximo da minha rua.
Sentei e pedi um café expresso duplo e forte e tentei pensar sobre toda locuragem que tinha sido o último dia.
Foi só então que eu não entendi mais nada daquela coisa toda, ainda acho que foi tudo fruto da minha imaginação, fiquei ali parado um tempo, tomei um grande gole amargo daquele expresso. Afinal mesmo que não fosse coisa da minha cabeça as pessoas tinham que enfrentar o fim do mundo todos os dias e como eu não fazia nada voltei para casa e passei o resto do dia, bebendo e pensando que minhas alucinações estavam indo longe de mais e o pior é que eu tava começando a curtir isso.
Ana ferraz

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Bar!

Hoje é sexta-feira, aniversário da minha prima querida, dia de tomar cerveja. Então resolvi publicar aqui um continho podre mas de coração que eu fiz, sobre BAR!

*Qualquer semelhança é mera conhecidência!


Aquele Bar
Sentei no banco da praça e fiquei ali parada ouvindo o som dos pássaros, era como se eu pudesse fazer o tempo parar e só escutar a canção da natureza cantada por aves que eu costumava matar a pedradas na minha infância nas ruas de terra vermelha lá pras bandas da terra do Getúlio.
Como pôde acabar dessa maneira, um lugar tão feliz que me aconchegava nos dias de dor e nos dias de amor, é complicado achar um outro igual a esse, normalmente eles são arrumados e exigem certa sofisticação que eu nunca consegui ter, não por não saber o que é isso ou por vir de berço humilde, mas, por não querer isso pra mim, por ter feito a escolha de ser assim menos ligada a essas tendências da moda e de etiqueta, pode parecer bobagem, mas a sociedade muitas vezes exige que mulheres tenham uma preocupação excessiva com essas questões, mas eu não era e continuo não sendo.
Naquele dia eu sofria a dor de perder um amigo querido, amigo assim como eu, sem glamour, mas com uma finesse que atiçava a curiosidade de muita gente elegante que preferia o irmão rico do meu pobre amigo. Quantas histórias desmoronaram junto com aquele prédio, quantas discussões foram enterradas sob os escombros mofados.Eu sentia a perda de uma segunda casa e acho que é por isso que eu não conseguia escutar o barulho das pessoas que atravessavam a praça com suas pastas e mochilas indo e vindo com pressa que não escutavam nada ao seu redor e muitas vezes nem viam os pássaros a sua frente saindo em revoada para não serem pisoteados por aquelas almas apressadas e desatentas que esperavam apenas cumprir seus horários e chegar em casa para tomar um banho e ver a novela. Mas eu, continuava lá encantada pelo som da praça, o som dos pássaros que era acompanhado com o vento que batia nas árvores e que não deixavam a correria alheia atrapalhar minha dor de perder o meu lugar, o meu bar, a minha casa.
Lembro muito bem de paixões que eu vi nascer naquele bar, amigos que eu fiz, amores passageiros que eu revi e histórias fantásticas que muitas vezes eu pensei em viver, enquanto sentava sozinha na mesa mais ao fundo escutando alguma música que embalava meu pensamento pra longe. Ah como era bom, eu ia a Paris andava pelas ruas geladas da cidade luz com muita roupa e sentava em um café e ficava lá bebendo um bom capuccino e baforando a fumaça amarga de um cigarro barato. Até que um garçom me perguntava o que eu queria beber e eu então percebia que ainda estava no bar, pedia minha cerveja, como uma boa cidadã brasileira, e esperava o tempo passar ou algum amigo pedir pra sentar ali na mesa, enquanto o som embalava as noites que terminavam com a mesa cheia de gente, copos, cinzeiros e muita poesia que me faziam voltar no dia seguinte para continuar um papo que ficou pela metade ou conhecer alguém que veio de um lugar totalmente diferente ou ali do bar da outra esquina procurando novas caras, era assim, quase sempre assim, porque nunca uma noite era igual a outra, sempre haviam novas caras, novos assuntos e novas cervejas porque afinal cada noite era um nova noite uma pagina em branco que não poderia ser escrita com as mesmas história da pagina anterior. Essa magia que ele tinha, a facilidade de juntar pessoas diferentes em harmonia que não permitia que houvesse brigas, apenas ríspidas trocas de teorias e algumas vezes de controvérsias, mas nunca em todos esses anos houveram insultos e muito menos agressões, aquele era um lugar de paz, onde todos entravam em busca de crescimento ou as vezes de casamento. E foram tantos os casamentos que passaram por aquele lugar, uns começaram lá dentro, outros acabaram lá fora, mas foram enterrados em alguma mesa em um grande e gelado copo do bar.
Naquele dia era apenas uma montoeira de tijolos e cimentos que me levavam até aquela praça. Acendi um cigarro e fiquei um tempo olhando os escombros do bar de longe, nem os pássaros eu ouvia mais apenas aquela boa e velha nostalgia que me acompanhava naquela tarde de outono. Uma folha caiu sobre meus ombros, foi como se algo tivesse caído dentro de mim, caído num escuro e profundo vazio, a falta de um pedaço de mim que me fazia rir e chorar, agora eram apenas as lembranças daquele lugar que me acompanhavam na tarde fria de um outono cinza que parecia muito com inverno, inverno que me levava a Nova Iorque, Londres, Coimbra, lugares que eu pensava em visitar em várias noites de solidão na mesa ao fundo do bar da rua da praça.
Lembro-me agora da noite em que conheci Regina, uma moça loira de olhos azuis que ofuscavam a sua beleza, e havia muita beleza, só podia ver os olhos daquela moça quando ela entrou pela porta do bar cantarolando em voz alta para quem quisesse ouvir “Eu bebo sim e vou vivendo, tem gente que não bebe e está morrendo”.
Ela sentou no banco ao lado do meu e pediu fogo, fumava uma cigarrilha que cheirava a cereja e bebia um rum barato que me dava até náuseas de pensar em bebê-lo.
Regina era assim como eu, uma solitária moça de quase trinta anos que tinha desistido do amor e vivia transpirando poesia sem destinatário, mas que tinha uma alma linda e muita sabedoria. Trabalhava em uma repartição pública, mas não odiava o que fazia, não sei como ela não se sentia presa naquela sala lotada de papeis e ácaros, em um prédio cinza e cheio de vazamentos que o governo proporcionava aos seus guerreiros funcionários públicos.
Passei a noite conversando com ela, me parecia uma pessoa feliz, talvez eu tenha pensado que era triste e solitária, que desistiu do amor por não ter ninguém para amá-la, mas não era assim, ela era uma moça alta, loira de olhos azuis, com um belo corpo escondido em um vestido longo e um casaco pesado, mas o que mais chamava a atenção nela não era sua elegância ao se vestir muito menos a figura física de uma bela mulher, mas sim o que ela carregava no fundo de seus olhos azuis, tinha uma ternura no olhar que aconchegava quem estava na mira daqueles olhos, uma sensibilidade que poucas pessoas tinham, parecia que ela conseguia ler as expressões do meu corpo ao falar com ela e simplesmente entendia tudo o que eu deixava subentendido, eu sempre gostei das entrelinhas, e ela entendia isso sem que eu precisasse dizer por inteiro o que passava na minha cabeça, eu me perguntava por que uma pessoa assim optou por ser só, já que enquanto conversávamos sobre artes e política social os homens que rodeavam a nossa mesa, bebendo algum destilado forte demais para uns, que tinham que misturar com gelo ou fraco para aqueles que tomavam tudo num gole só sem água, gelo ou refrigerante para amenizar o amargo gosto que queimava a garganta e esquentava o coração frio e também solitário, daqueles homens que de longe não tiravam os olhos de Regina. Não era por falta de opção que ela estava naquela situação que a levava a ser considerada por suas irmãs a tiazona da família, o mistério que rondava aquela mulher era um imenso conglomerado de paixão que submergia numa vontade de liberdade que não a permitia ser diferente do que era e ela era feliz, simplesmente uma pessoa feliz, por conseguir ser ela mesma em toda solidão que ao contrário do que muitas pessoas acham é maravilhoso sentir-se completo na solidão é estar bem consigo mesmo. Mas nem todas as pessoas que passaram por aquelas mesas estavam felizes ou eram tão lindas por dentro e por fora como Regina, o mofo daquelas paredes tinha uma boa porção de sofrimento e dor de amores mal acabados, perdas irreparáveis e muita mágoa guardada que muitas pessoas entravam ali com a intenção de afogar seus fantasmas em copos de bebidas e em porções de comidas gordurosas, eu mesma já tinha entrado no bar para afogar uma briga de família, pois por mais intimista e solitária que eu possa parecer eu tenho família e como todo clã o meu era carregado de amarguras e sentimentos, mas na maioria das vezes eu afogava minhas frustrações naqueles copos suados e cinzeiros lotados, depois ia para casa e ria, ria muito do papel de moça frustrada que eu me colocava.
Mas não só de tristeza e felicidade vive uma sociedade e posso dizer que em um bar você pode retratar a sociedade em que vivemos, porque o bar é uma entidade social que junta muitas pessoas e assim retrata diversas realidades, por isso aquele bar era incrível, pois não se limitava a apenas uma parcela da sociedade, o simples engloba um todo que o sofisticado limita. Começava a anoitecer e eu continuava na praça, as pessoas já não passavam por ali com tanta freqüência e os pássaros já haviam parado de cantar, mas eu continuava ali sem saber para onde ir, já não tinha um destino certo. Levantei e andei em círculos pela praça, a noite já caia e as estrelas me acompanhavam no frio do outono, que mais parecia inverno, o frio me levava trocar a cerveja gelada por um vinho que me fazia companhia nos dias e noites para esquentar.
Sai da praça fui até uma venda que ainda estava aberta, comprei uma garrafa de vinho e fiquei por um tempo perdida sem saber para onde ir, dei meia-volta e segui em direção a praça, sentei no mesmo banco que tinha passado o fim de tarde, abri a garrafa de vinho vagabundo, acendi um cigarro, fumei demais, bebi demais e sorri demais naquela noite, tinham me tirado meu bar mas eu tinha descoberto a paz que é trocar minha solidão pela companhia das estrelas.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Achei esse fragmento perdido entre as minhas coisas, não sei qual era a minha intenção ao escrever isso, mas tá ai alguma coisa deve ter de bom nele!
E caros colegas da psico que lerem isso, não eu não sou suicida!
Essa é uma história de um final feliz, de uma pessoa que quer viver mas sua saúde não deixa mais. Então porque chorar se tudo acaba um dia?!?!!?!?!




Estávamos lá, ela e eu, ao som do meu violão, as lenhas queimavam na lareira, a sinfonia da chuva que caía dava um ar de nostalgia perfeito para o momento.
Buscava encontrar a jovem que um dia fui, amigos que tive, momentos tristes e felizes.
A doce solidão que nos acompanhava fazia eu me sentir triste, mas não era uma tristeza ruim.
Lá estava eu e minha caixa de lembranças, eram fotos, cartas que nunca mandei, outras que recebi, textos, poemas e músicas. Tudo aquilo tinha um significado especial, cada uma daquelas lembranças me faziam ficar horas ali sentada escutando os estalos da lenha queimando, os acordes do violão e o gosto seco do vinho que me acompanhava naquela dança ao passado.
Minha vida tinha realmente valido a pena, cada erro me ensinou até onde eu podia ir e os acertos atiçavam minha vontade de ir além, mas eu sabia que já não havia mais tempo. Estranho eu pensar em tempo, logo eu que nunca me preocupei muito com ele. Não gostava de relógios, não me escandalizava com as rugas e nem com os cabelos brancos que começavam a aparecer, tímidos, entre os fios negros que brotavam em minha cabeça.
Eu estava só esperando que o tempo agisse, que me levasse com ele para algum lugar. Aquele mesmo tempo que me levaria seria o que ampararia meus queridos, os caras das fotos, os donos das palavs que eu escrevi em minhas cartas.
O final estava próximo, era como se as cortinas pudessem se fechar a qualquer momento e eu não tinha mais como mudar o meu roteiro, ele estava fadado ao ultimo ato, que eu sentia ser aquele, das lembranças, das fotos, cartas e da lareira que já ia perdendo força e se apagando, talvez as suas cinzas determinariam o momento exato dos aplausos.
Já não havia mais como mudar e eu sabia disso. Preferi ficar sentada, bebendo o resto do vinho, lendo as cartas que não enviei e pensando em não me arrepender de tudo que eu fiz.


Ana Ferraz

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Primeira experiência em Blog!

Resolvi fazer esse blog porque eu estava sentindo falta de um espaço para poder publicar algumas coisas que eu gosto de escrever, mostrar alguns textos, poemas, letras de música, comentários de filmes que eu gosto!
Então esse espaço está aberto para quem quiser ler e comentar, façam bom proveito dele e espero que gostem dos meus pequenos deletérios!

Para a estréia convidei um cara que tem uma obra que eu adimiro, um poeta louco, um pouco de Paulo Leminski.

Desencontrários


Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.

Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num labirinto.
fazer poesias, eu sinto, apenas isso
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.